22 dezembro 2006

Boas Festas

Um beijinho a todos
Divirtam-se...

14 dezembro 2006

Fiel a si mesmo...

Falavam de vida interrogando
Semeando fungos pela saliva dispersa,
Um encontro de hálitos
Onde os contextos vazios ecoavam...
Nos espelhos embaciados
Os germes reflectiam
O que o fruto do homem alcançava...

Seria o momento de agir
Rejeitar a razão
Unir o aço na carne
Abrindo a corrente do diluvio vermelho
Entregar a arma à coragem
Decisão irrevogável
Num acto de respeito...

E agora no silêncio
Contemplando impotência
Fala-se de morte... interrogando
Esquecendo os porquês
De um guerreiro que fez jus
Àquilo que era seu...


Scorpio

11 dezembro 2006

Fria... (vida sem registo)
























Atravesso a vida sem chão
Suspensa como uma rocha flutuante
O vento desafia o percurso
Inexorável tentativa
Onde nada abala o desígnio...
Ouço cada estalada que não sinto
Dor desejada no sentir
No entanto só o som a anuncia...
Continuo caminhando
Negando a existência
Rejeito afecto gratuito
“Uma parede “
talvez...
Construção anacrónica
De um corpo sem anos
Feito numa vida curta
Persistente no intuito...
Sou apenas o que resta
De um tempo longínquo...


Scorpio

09 dezembro 2006

Estátua da memória

Traços de um rosto
Desenhado na memória
Esculpido nas lagrimas... secas
De uma saudade eterna

Na melodia do cinzel
O tempo faz arte
Puro desespero cristalino
De um cansaço silencioso
Em busca de um fim
Num amanhã enfermo
De uma vida cálida...

Horas pertinazes
Fazem ecos
Protelam a razão... minha
De um ciclo negro
Num jardim de sepulcros
Onde cada vitória jaz


Scorpio

04 dezembro 2006

Sozinha (comigo)...









Encontro prometido comigo
Num vazio cheio de mim
Respiro-me...
Sei cada expressão que não vejo
Sinto cada emoção só minha
Sou eu...


Abro o peito dilacerado
Ferido numa vida morta
Cicatriz imperfeita
Que reveste o corpo...
Entrego-me nas horas sem tempo
Mergulhando a cada queda
Onda após onda
Esqueço o pensamento
Sou livre
Numa viagem salgada
Sem o calor da vida
Desafiando a raiva do mar


Deito-me no colo da terra
Agonizando regelada
Suspiro sorrindo...
Fecho os olhos da mente
Escuto o silêncio
De uma saudade sem corpo
Mas tão sentida...


Scorpio

28 novembro 2006

Alguém na solidão...


Ser o vicio do vicio
Alimento inebriante
Que sustem calvários
Penoso ar que circula
Num trajecto limitado

Abro os braços na escuridão
E mergulho no mar do abismo
Um voo sereno amortecido
Reflectido num eco sorridente
Audível no silêncio
Sinto-me viva... sem vida

O abraço liberta o frio
Traje humano inopinado
Sabor real cálido
Momento na solidão
Numa dança sem ritmo
Mas nos braços de alguém...

Scorpio

M... (de tantas palavras)...





Num infinito cruzado
Quando as mentes se encontram
As roupas do pensamento
Vão caindo...
Cortinas do corpo
Escondem a demência do sexo
Despidos vestem-se
Encontram a simbiose
Num estado nu... verdadeiro
Sorvem paladares em diálogo
Diferenciando aromas
Misturados num copo de whisky
Onde o liquido presente
Tem o travo da vodka...
O álcool perde-se
Absorvido pelo corpo
Entregue num mesclado
Contexto de desejos
Sorvidos pelo silêncio
Ocultos no olhar...
Contacto... propósito do tempo
Onde cada hora que passa
Enaltece a razão
De uma fusão sem orgasmo...

Scorpio

24 novembro 2006

Labirinto Silencioso

Abriu o peito rasgando a sua dor
Expondo o grito da raiva contida
Isolado de um mundo alheio à sua visão
Arrasta seu manto negro
Convicto dos seus desígnios
Escuro nas entranhas
Atroz no olhar
Na voz... suprema, declama horrores
Inferência do ser oculto
Escondido atras das pálpebras
Aqui se constrói o labirinto
Das palavras que perdi
Percorro cada caminho procurando
O sentido do epicentro
Não temo o tempo caliginoso
Fruto do silêncio imperfeito
Aceito a intempérie
Mas crucifico saudades meditadas
Dor ...
Sentimento escrupuloso
Palavra terna
Revestida de afecto
Pronunciada com respeito
Velada na vida real...

Scorpio

20 novembro 2006

Palavras mortas













Dias sem fim
Crucificam o pensamento
Numa ortografia cuidada
Rasurada na imagem reflectida
De cada palavra lida
Revestida de sentidos inexistentes ...

Qual o valor do contexto
Se fecharmos a porta

Renunciar emoções
Obliterar cada desejo
Faz do real
A utopia da pontuação
Anulando cada exclamação
Para um ponto final
Dando termo ao momento
Que se alastrava...
Tudo findou
Se alguma vez existiu
E neste texto a caligrafia
É sombreada pelo calor
Do ultimo ar expelido...



Scorpio

15 novembro 2006

Viajo no meu caminho...


Trilhos sem destino
Ou será trilhos com destino,
O que é o destino
Traçado de algum trilho...

Não me atropelo nestas sínteses
De conceitos básicos
Não esmoreço em conceitos...
E nestas negações
Construo o meu cepticismo,
No entanto...
A viagem alenta-me
O processo da incógnita
De sabor viciante
Desafia a minha fome
Do sentido oculto,
Deleito ousado... primário
Que me embala sôfrega
Num desejo imune...

E assim vou conduzindo
Delineando barreiras
Perante as ossadas
Das estatuas vivas
Um caminho promiscuo
Trajado em tons de ébano
Mas tão familiar...

Scorpio

08 novembro 2006

Negro Sereno...






























Luz que afoga o negro da esperança,
Manto de sentimentos
Vestem o corpo da vida
Dando termo à sua existência...
Resistir é cruel
Uma luta desigual faz vencidos
Triste ver o sorriso da esperança
Amarrado num silêncio
Onde o frio da união
Gela o corpo agonizado...

Nestes corredores de éter
O branco reluz
Mas é no negro
Que o descanso emerge...



06 novembro 2006

Dia Seis de Novembro

Dia de sangue
Marcou o momento de um ser...
Lagrimas no rosto mais belo
Aquietou a dor de um parto
Na visão do seu fruto,
Queria lembrar aquele olhar...

O corpo cresceu
Amando o tempo
Dos braços do afecto,
Porto seguro da dor
Dos dias salgados...

Hoje serás tu o marco do meu dia
Lembro cada vela acrescentada
Sorrindo nos teus olhos
Hoje... sorrio
Conheci o sentimento
O prazer de viver
Sei escolher cada caminho
Sem ter medo de morrer
Hoje... é o nosso dia mãe...


Scorpio

30 outubro 2006

... Para Sempre

















Ventos desorientados
Violentam corpos sem voz
Enaltecendo o poder eminente
Que lhe foi atribuído...
Eu, assisto bailando em ti
Entrego-te a dor
Rodopiando gritos cegos
Na passagem do meu intimo
Sorrindo no teu olhar...
E aí... a razão tempestuosa
Domina a voragem dos sentidos
Um negro abraço
Invade o silêncio numa valsa
Penetrando o corpo no avesso

Para sempre

Sensação tatuada
No gosto da minha voz
Um aroma cravado
No hálito do teu rasto


Scorpio

24 outubro 2006

Palavras que me vestem...



















Do dia fiz noite
Soltei a voz no silêncio
E na escrita eternizei
Um complexo de palavras

Vesti o corpo
Desígnio que me acompanha
Delineando sombras de um vulto
Escondido no exposto

Olho o espelho
Vislumbro a imagem...
Misto de traços funestos
Encobertos no sorriso
Um olhar sublime
Numa voragem interior
De uma queda constante...

Sou Deusa no altar
Aceito a aliança do fogo
Um marco tatuado
Entrelaçado por veias q se fundem...

A noite chegou
Findou os meus desvarios
Perpetuando no papel
Letras cruentas
Camufladas pela leitura
De olhos cândidos...


Scorpio

19 outubro 2006

Pálpebras do tempo...











Rasgados enfrentam a luz
Expostos ao tempo
Obrigados a ver
Sem voz nas pálpebras
Choram incrédulos
Na imagem da vida

Entre ecos
Vi...
Selei os lábios
Apaixonei-me...
Silencioso o instante
Arrastou a dor
Tornando leve
As vozes que se faziam ouvir

O fim chegou
Lacrou o momento
Na ausência
Deixando o cheiro
Que me abraça
Na saudade que me faz sorrir



Scorpio

11 outubro 2006

Meu mundo...























Coloco cada palavra escondida
No túmulo do medo
Faço do meu dialecto
As ruínas da memória
E assim vivo neste instante
Ausente do tempo real
Fácil fechar a vida
No contexto do meu mundo
Ser escrava do passado
E rainha da razão
Gerir cada imagem
Sentindo o cheiro
Sorrir na saudade
Consciente da porta que abri
Sou vida
Num ciclo que vive
Camuflando delírios
Nas verdades dos outros
Recolhida num abraço meu...


Scorpio

05 outubro 2006

Espero...



Tropecei no meu caminho
Sem perder o sorriso
Estou imune à solidão
Faço da queda a dança
Abraçada nos braços do silêncio...
Repouso o pensamento
Nos delírios da visão
Ouço cada palavra
Revestida no devido tom...
Sorrio,
Talvez o mais puro de mim...
Liberta de aspirações
Respiro sufocada
Na ânsia de cravar os dedos
No peito que é meu...
Sim ... estou cega
Envolta na única luz
Aquela que me veste
E desnuda no olhar
Não me olho
Entrego-me na espera...

Scorpio

30 setembro 2006

Era uma vez...





















Bailado das trevas
Repletas de horror
Recantos nefastos
Embriagados de dor...
Tudo isto num dia a dia
Escondidos por sorrisos
Tenho náuseas deste ar
Que por tantas bocas passou
Sinto o meu corpo desintegrar
Deixando o meu rasto
Num percurso terreno
Farejado por asquerosos
Violadores do meu espaço
Assim me livro deste peso
Carne que me cobre
Que vos sirva de alimento...
Eu assisto...


Scorpio

28 setembro 2006

Amar no silêncio...























Resisto ao meu delírio
Alimento cada fragmento
Numa entrega lúcida
Consciente...
Amarro cada sentido
Sustenho suspiros
Sinto o gelo nos lábios
Sabor da pedra
Que me beija...
O abraço que me envolve
Frio... mas tão quente
Circula no inverso
Onde o recinto carnal
Dilata na passagem...
Entrego-me
Repouso a arma
Trespassando o circuito
Ansiosa no toque
Que contorna o meu rosto...
As lágrimas são vivas
Afogueadas...
Repletas de dor
Salva-me com o teu hálito
Prova-me...
Caminha no meu delírio
E diz-me em silêncio
Palavras mudas...


Scorpio

25 setembro 2006

Eu...























Hoje sou o mesmo de ontem
Não... sou diferente
Sou mais...
Sinto o peso de mais um dia
Carrego em mim
Registos de horas
Que se acumulam
A outras tantas...
Hoje sou o peso
Da minha vida
Cravado nesta carne que me sustem
Hoje não sou nada
Sinto o tempo de passagem
Agarro o vento
Sem força para continuar
Faço a queda no propósito
E caio... livre
Tão leve...
Hoje sou eu...


Scorpio

20 setembro 2006

Dúvidas do acaso...
















Noite clara coberta de negro
Abraçada num temporal ausente
Onde tudo parece distante
E o perto não se alcança ...
Os olhos contam horas
Sofrendo calados salgados
Uma espera serena
Na turbulenta ansiedade
Do dia que virá...
Assisto na plateia da vida
Onde nada faz sentido
Respostas são perguntas
E o acaso faz o ensejo...
O suposto envolve a dúvida
E aqui rasgo o sorriso
Traumatizo o sereno
De uma boca selada
Desenhando o pânico
No reflexo da lua...


Scorpio

15 setembro 2006

No odor do mistério...


A luz quase ausente dá forma a um corpo reflectido no espaço ... Por entre cheiros diversos o ar é sufocante... penetra... gela cada tentativa de o expelir, incrível como um acto natural se torna único quando os sentidos são alterados...
E de novo a sombra... Que interjeição usar para citar o quanto deslumbra um vulto sem rosto escondido na penumbra... que delírio profana o chão levando a razão do equilíbrio...
O silêncio da selva cimentada faz do vento um som sombrio, a angustia de um caminho solitário faz a razão do medo... tal como vidas fragmentadas que se arrastam revestidas de fobias...
A luz agora ausente, reflecte na noite o mistério da vida, onde o cheiro da morte põe termo a dúvidas nas mentes que amam sem saberem o caminho... a confiança do ser leva o desafio ao ritmo das brasas... mistério suculento apenas sorvido por quem sente...

Scorpio

11 setembro 2006

No meu interior...


















O ar ausente
Projectou a sombra
No horizonte do alcance...
A leveza do toque
Abraçou o silêncio
Deixando o chão
Fundir a cada passo...
Lábios que se rasgam
No sorriso do magma
Envolvem a lava na saliva
Petrificando o momento
Entregue na erupção...
E o cheiro...
Delírio do vento
Seduzindo o tempo
Numa chuva fluida
Onde cada gota
Faz história...



Scorpio

06 setembro 2006

Encontro no olhar...




Sussurros quentes
Hálitos perversos
Salivas mistas...
É tão fácil escrever
Quando tudo faz sentido
Linhas de palavras vivas
Preenchem livros vulgares
Num secretismo de identidades...
A origem do obsceno
Escondido nas vestes
Faz do primário
Um mestrado...
Improfícuo o soletrar
Quando vetamos atónitos
No espaço que nos limita...
Hediondamente julgados
Somos sentença liberta
Únicos...
Segredamos no silêncio
Na neblina de cada encontro perdido
A ausência justificada
Repleta num sabor cruento
Desígna um final
Onde o foco do olhar
Quebrará a estátua
Num incrédulo latejo...

Scorpio

04 setembro 2006

Por Paixão...


Alvo preciso
Exposto num conflito
Onde cada sentido se conjuga...

Muralhas cobertas
Fazem a tentação
Daqueles que olham o negro
Receosos... perplexos...
O gosto intrépido
Molda o corpo
Uma arma carnal
Revelada por uma haste...
Os segredos do gosto
Tortura as salivas
E no confronto
A morte é ambígua

Delírio diagnosticado
Num campo minado
Que faz da paixão
Um jardim de horrores...


Scorpio

02 setembro 2006

Mais uma página...



Quanto medem os passos da vida
Quanto mede cada passo
Frases interrogativas
A cada passagem...
Porém alguém faria o trabalho
Entre cálculos, a média seria algo como...
Acho ...
Nunca garantir a resposta
Mas... procurar sempre solução
E o que é a solução
Quando os vestígios do tempo
Cobrem cada pegada
Ervas daninhas repletas de força
Escondem o rasto do caminho certo...
Sonhos encastelados
Caiem do precipício
E de novo as questões...
Como perpetuar os sentidos
Sem estender conceitos verbalizados
Como definir o momento exacto
Sem que este seja um passo
Cravado nas paginas da vida...
Sim como...
Saltei a página
O branco não é branco
Mas sim um espaço por preencher
Onde a cor não tem cor...
E... o relógio nunca pára ...

Scorpio

31 agosto 2006

Exilios... de cor...




O vermelho ausente
Deixou o espaço aberto
Pinto cada letra com a cor da saliva
Palavras reais
Degustadas na minha boca...
Olho o texto e não me leio
Sinto cada letra cravada
Num contexto desorientado
Por palavras esculpidas
De aspecto gélido
Mas minhas...
Sinto a aragem do tempo
Um serrar de olhos
Faz o negro instante
A razão perplexa
De um espaço fechado
E como eu gosto do negro...
As palavras vestem-se
Pelas chamas do fogo
Um interior vermelho camuflado
Cheio de interjeições banais
Remitidas ao exílio...
Hoje sou pedra
Faço história na lápide
No caminho do teu sal...

Scorpio

30 agosto 2006

Eu...















Chegou o começo do fim
Um fim anunciado
No primeiro instante
E o que é o fim??
Não vou desenrolar o novelo
Cortar os meus dedos no arame
Deixar os vestígios do sangue
Expostos no tempo frio
Não vou arrefecer
O mais puro néctar
Fazendo-me escoar por um nada
Este não será o meu fim...
Revejo-me nas brasas
Escondendo o olhar
Fixo o chão
Com medo de amar
Quero tudo
Um encontro real
Feito de sentidos mundanos
Esquecer a moral
E deixar os enganos
Será o fim da penumbra
Um estado meu
Apetece-me o fim...


Scorpio

11 agosto 2006

Tempo sem tempo



Horas somadas num repertório
Que faz da vida parecer
Um ciclo obreiro
Entre ponteiros chefiados
Fazem o nosso tempo
Desaparecer sem nunca o vermos
Na salvação lúcida
Agarro as palavras
Como um oxigénio filtrado
Escondo as origens
Das cores reais que visto
Faço do meu trono
O relógio da vida
Bebo cada segundo
Cronometrando os meus delírios
Sem temer o veneno
De cada tempo limitado...




Assim sendo neste momento o tempo será só meu... (férias)
Aproveitem o vosso tempo...
Volto em Setembro...

Scorpio

04 agosto 2006

Ouve o som no tempo




















Vejo o deturpar da razão
De forma audaz me envolvo
A fonética perturba
Respiro controlada
Focando passos
As rajadas são poderosas
Embalam-me
Será o delírio o meu espelho...
O corpo ténue
Resiste indiferente
Um vulcão escondido
Guardado dos olhos vadios
Da baba canina
Deixo o rasto no aroma
Aos olhos do alcance
Nos trajes oculto o ser
Da luz mórbida do dia
Tu que me invades
Das escarpas noctívagas
Esconso ser singular
Emprenhas o desejo
Gerando raízes
Que devoram a matriz
Vem... não me temas
Sou soberana do meu arbítrio
Na psicose encastrada
Aguardo sem silêncio
Soprando na neblina
Ecos estrepitosos
Rogando a queda dos teus sentidos...
Scorpio

02 agosto 2006

O título da... vontade














Cravei o teu membro no meu dorso
No sentido figurado da palavra
Senti o verbo real
Voei no encontro
Das palavras degeneradas
Rompi a moral
Bebendo do Santo Graal
O veneno do teu esperma
O delírio profanou os costumes
Uma chuva de sinos
Invadiu o horizonte
Anunciando a chegada
Espero arrogante
Desviando o olhar
Procurando o desafio
Do titulo alucinado
Vontade enlouquecida
Que ferve oprimida
Entre tecidos presa
Continuo e enfrento a barreira
Quero sentir o poder
Tatuar o muro
Em cada investida
Deixar cada gemido
Ser a nota do sentido
Rasga-me em palavras
E encontra a resposta...

Scorpio

26 julho 2006

No aço do desejo(II)





















Desfaleci ruborizada
Entregue no tempo
Registo alto... voluptuoso
Um entrecho individual
Acto carnal
Injuriado sentido...
Deleito o meu gosto
Lambendo dedos
Traumatizo a vontade
Negando o corpo exaltado
E de novo um começo...
Revelo apaixonada
Vigorosa insaciável
Perdida nos ecos
De um ritual desenhado...
Recomeço...
Prolongo o espaço
Confundindo o próprio fim
De novo o desafio
Explorado num limite
Onde cada comoção
Será escondida
Ocultando o desejo

Onde o motivo coabita...


Scorpio

24 julho 2006

No aço do desejo...






















Procuro em detalhe
Tacteando as formas...
Ausente nas vestes
Cubro o corpo nas palavras
Marco-me deixando rasto
Sentindo a língua
Nas unhas afiadas
Nos trilhos desenhados
Do indicador mortífero ...
Faço o percurso
Rasgando a pele
Traço o caminho
Deixando cravado o rasto da lava
A boca muda
Grita no silêncio...
Deslizo sem ritmo
Queimando o corpo
Consinto contorcendo
Um contexto explicito
Dor sôfrega infligida
Encontrada no olhar... (asfixia-me) ...
Olhares ocultos da mente
Invadem perversos
Penetro a carne
Vejo o aço roçando a minha loucura
Vontade que me mata
Fogo que consome
Ideias mundanas
Transporta o real
Num labirinto carnal...
Curvo-me recebendo espasmos
Foco o veneno... sustenho
Procuro a rosa dos ventos
Num tornado infernal
Ouso...


Scorpio

22 julho 2006

Escrevo...


















Risco no papel o teu eco
Não sei porquê...
Entre cada som solfejado
Traço letras vagas
Profanando o valor da palavra...
A pontuação amarga
Sufoca a leitura
Transporto na boca
Viciando-me
Testemunhos sinuosos
Flutuando nos sons
Que alucino enfrentando
O texto traduzido
Absorvido num contexto meu
E de novo regurgito
Saciando vícios
Preenchendo a carvão
O mundo da ilusão...


Scorpio

19 julho 2006

Ele... voltou





















Brotou no corpo
Um delírio fictício
A esperança do ser ...
Incrédulo ignóbil
Escondeu a liberdade
Nas vestes do tempo
O manto negro
Camuflava o seu esplendor
Até a raiva o afogar...
Renasceu sumptuoso
Magnetizando com o olhar
Desejos perdidos
Esquecidos entre ramos...
Senti o fogo da chegada
O tempo da espera
Petrificou as veias
Hoje ... latejam ansiosas
Fodendo a saudade...



Scorpio

15 julho 2006

O momento
















Numa sombra definida
Desenhei cega o que vi
Trazias no rosto vincado
A esperança da morte
O medo...
Deliciava o artista...
A tua agonia expressa no papel
Um marco do momento
Vivido pelos olhos dos outros...
A folha falava
Gritos explícitos
Transbordavam nas arestas borrifadas...
O negro da tua capa
Anunciava o silêncio do pânico
Estavas pronto... ansioso
O lápis não parava
Entre cada suspiro
Traços entrelaçados exprimiam
Os sons finais
A entrega do corpo
Sombreado no branco
Abria a porta do novo mundo
Um ultimo risco vermelho
Reflexo do teu olhar
Matou o final do quadro...


Scorpio

10 julho 2006

Saber ver...






















O engano da ilusão
Durou o tempo do momento
Entre olhos fechados... selados
Secreções purulentas nojentas
Ofuscaram o reflexo...
Imagem escolhida do desejo
O algo semelhante
Fez do querer um enlace inexistente...

Sou cruel
De arma em punho
Sofrer é o meu vicio
O rastejo não me alcança
Sorrio...

O ridículo da individualidade
É ter pretensões
Respiram ar pútrido
O único concedido...

Olhos... límpidos... murados
Cegos...
Esperam a razão de ver...
Entontecidos acreditam
Negam a evidência
Vivem sorvendo da própria vida...


Scorpio

07 julho 2006

Vícios...




















Defini o espaço num traçado
Senti os sons
A carne rasgava
Ao ritmo de laminas fixas
E de novo o som...
Odores nauseabundos
Trespassavam os limites
A cada passo o rasto imundo
Aniquilava as sombras resistentes
Medo ???
Não...
Ouço cada nota afinada
Indicando o meu vicio
Tudo me invade
Sufocando cada inspirar
Deliro...
Talvez...
Morro embalada
Esquartejada por uma guitarra
Morro vezes sem conta
Assombrando notas sangrentas

As únicas que me dão vida...


Scorpio

06 julho 2006

Delirios do sentir...












Cruzei o teu caminho
Num olhar fulminante
Segui o rasto ansiando
Sensações estranhas... vazias
No encontro do nada revestido
Abri a porta do mundo
Mergulhando nos delírios
Encontrei nos recantos
Espelhos do meu eu
Senti...
O corpo flutuou
Liberto ...
Absorvi o sangue vermelho
Que jorrava como uma cascata
Embriaguei-me no néctar puro
De cada mensagem...
Do meu corpo
Fiz objecto da luxúria
Movida por um tesão alucinado
Testando a resistência da minha loucura...
E tudo foi tão intenso
Até o negro se dissolver
E mostrar a clareza do dia
O verbo deixou de existir
Sendo o sentir um estado real...


Scorpio

04 julho 2006

Espero-te no silêncio...


























Abraça-me...
Palavra tão terna num discurso directo
Um desejo explicito
E tão ausente...



Entrego-te a minha vida
Como alimento eterno
Ninguém mata a fome da paixão
Quando esta atormenta o corpo



Tantas noites de desejo
Procurando o teu olhar
Delírios sucessivos
Embriagantes
Atravessaram o percurso sinuoso
Dando espaço erróneo...
As quedas foram sucessivas
Sonhei com o amparo das tuas asas
Mas o espelho mostrou a minha face
Eu sou o quê
Um ser sem reflexo
Ou apenas tu não me vês...
Pudessem as palavras esconder
Magoas de uma vivência
Do teu conhecimento
Saber da tua existência
E esperar no canto
Revestido de silêncio
Os teus braços...

Scorpio

28 junho 2006

Sem som...


























Encontro nas palavras refugio
Oculto a sombra sem deixar rasto
Mas as frases denunciam
Olho o tempo do meu tempo
Apago-o num recomeço
E venço-o por cansaço...( mentira)
Desperto no silêncio
Encontro-me (desejo-me)
Consagro o meu ser
Libertando o medo...
Os sons nulos (meus)
Agem como terapia...
Descubro ondas enigmáticas
Que me excitam
Exponho o meu delírio
Num ritmo carnal
Embriagada num cio emulado
Mas o tempo volta
Cruel e impiedoso
Com a clara visão de um estado nulo
Esbofeteando a razão da minha utopia...
E...
Escondo... fugindo de mim.
Sou tudo aquilo que não escolhi
Lamento ser assim
Uma imagem do tempo... sem som...



Scorpio

25 junho 2006

E eu observo...

















Noites camufladas pelo nevoeiro
Urdindo escondidos na penumbra
Celerados sobreviventes
Nos sorrisos anómalos
E eu observo...
Um enredo de sonho
Viciante num delírio
Onde a presa será imobilizada
O sangue latejará
Num pânico mortífero
Ignorando a dor...
A dor...
Estado sentido
Nas frequências da vida
E o que é a vida
Sem o sentir
Um projecto resistente
Num estado presente
Ansiando... morrer...
Ou ser apenas um ser

Como tantos outros parasitas...

Scorpio

22 junho 2006

Desígnios...






















Sopras escondido rasgando obstáculos
O teu silêncio turbulento
Fere... arrastando nostalgias
Sinto as lanças cravadas
Dores escondidas...
Abro a mão e seguro o ar
Esmago o ódio do passado
Crescendo na força do ser...
Dói tanto ...
Sorrio morrendo
Revelo a força que não tenho...
Sou desígnio do estar
Aparente bloco impoluto
Abafado na razão
Ergo-me...
Caminho num trilho conhecido
Dou voltas e voltas
A cada passo enterro o desequilíbrio
Mas...
Abro os olhos...
Sinto-te...
Roças o meu corpo
Marcando a tua presença...
Somos únicos...
E nesse delírio entrego-me
Num dilúvio sangrento
Saciando-te...

Sou tua...


Scorpio

20 junho 2006

Reflexo...



















Olhei o meu rosto no reflexo da agua
Distorcido na corrente
Fazia de mim a ilusão do que sou
Talvez a melhor imagem...
Senti vontade de me conhecer
Mergulhar em mim
Senti vontade de nascer
Deixar de me ver assim...
Sou a ilusão do não real
Menina... mulher
Escondo a essência
Libertando nas letras um rasto sombrio
Afago as lágrimas da vida
Com sorrisos pérfidos
Amarguro percursos dos resistentes
Dissimulando a verdade
A minha verdade
O meu reflexo
Sou a dúvida da visão
A eterna vontade do ser
Que vive por viver...



Scorpio

16 junho 2006

Ar...




















Senti a queda, voei sem asas e cai no chão...
O corpo rasgado vertia o seu interior
A dor súbita adormeceu...
Silêncios ocultavam o pânico das vozes
Todos os rostos de terror
Saíram da minha visão
O espaço circundante... fosco
Libertava-me o peso
Tudo parecia flutuar
Mas...
Sentia-te perto
Num ritmo apagado... trémulo
O abraço foi real
Não digas que não...
Inspirei forçada...
Pressionada... sem me perguntarem nada
As luzes... o ruído...
Voltei ao sentido... sem ti
Sem ti...
E para quê...

Respirar novamente o ar dos outros...


Scorpio

11 junho 2006

Sometimes...

Deitada num espaço insensível sinto o cheiro inebriante... flutuo liberta no sentir e deixo-me envolver ao acaso...
Os dedos dormentes revelam o enlevo do meu estado, rebolo no vento sentindo os braços que me sustem... estou ausente de tudo entregue num bailado sem som ... sigo o ritmo que me domina movida pela consciência cega... O horizonte vestido de negro deixa escapar por uma fenda no tempo o vermelho do seu interior, a capa que o cobre remendada pela motricidade da vida revela as chamas do próximo dia... Será tudo fruto da minha ausência ou vejo o real camuflando o que me assombra... porque uso as palavras apagando o caminho da minha realidade, porque me deixo afogar nos porquês da minhas atitudes... porque não sinto o vento, os braços... o cheiro... não sinto nada e procuro-te todos os dias... apaguei na memória o alimento do meu estado real... o espaço sólido não me deixa flutuar... bloqueando o meu envolver nas danças dos sentidos... sobrevivo lúcida mesmo inconsciente... e sem saber porquê...


Scorpio

10 junho 2006

Fluídos...

















Sou eu...
Não nego a vontade
A ousadia do querer
Perdi-me no ritmo
Na volúpia do meu desejo
Sou eu...
Quebrei o gelo do tempo
Derreti na tua boca
O néctar divino
Do meu prazer
Sou eu...
A tortura do ser
Irreconhecível no olhar... mas
Despida a cada palavra
Expondo as formas
Sou eu...
No segredo
Num sussurro
Embriagada na noite
Suando num orgasmo
No delírio dos fluídos
Expulsos do corpo

Sou eu...

Scorpio

Horas... eternas






















Com os olhos... fixos no tempo
Cegos no amanhecer
Permaneciam abertos... horas
Quanto tempo?
Uma vida acordada
Vida...
As metástases do vurmo
Consumiam a vontade
O corpo secava paralisando
Rasgando a corrente dos elos fixos
Tudo se comprimia
Numa dor aguda
Uma espera atormentada
Horas que não findavam...
Vida...
Janela de uma visão

Que aguardava sentir o frio...



Scorpio

08 junho 2006

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Amarrei o pensamento
Embriaguei-me nos sentidos
Achando que tudo tem o seu tempo
Quimeras...
Flutuei desarmada na queda
Encontrei o espelho
Imagem do irreconhecível
Perversa ...
Anéis de luzes circulares
Deturparam a visão
Senti o asfalto repugnar
Náusea...
Síncopes no delírio
Consciente do vício
Da solidão... eterna
Limbo...
Hálito pavoroso
Sobrevivente pútrido
Num éden mundano
Renuncia...


Scorpio

05 junho 2006

Caos...




















Subo as escadas do meu cérebro tentando encontrar o patamar, os círculos são miragens de uma escada em caracol, sinto o delírio fingido tomar conta das pulsações alucinando os pés numa dança de tonturas... o equilíbrio derruba-me levando o corpo numa queda sem fim. O ar bate-me rasgando o peito, sou exposta num buraco negro revelando o meu sangue... Grito, tenho medo... Os meus ecos são mudos. Estou presa a um mundo flutuante na corda do caos.
Aceito na revolta contida o estado regente numa tertúlia de sombras, pedaços mundanos de gente causticada em recintos oprimidos... faço do silêncio a minha linguagem tentando sobreviver num conceito de vida defunta ...
Abutres famintos rodeiam cada palavra na espera da sua decomposição...
E agora?? Como trepar na lógica deste estado ausente. Escalar as paredes de um chão guardado por fendas víricas ...

Encontrei o patamar do degredo... vestido de branco.


Scorpio


04 junho 2006

(...)


















"Se queres viver, prepara-te para morrer."
Freud