31 maio 2006

Sozinha...






















Dei um passo sem chão
A queda... cravou na pele
Um grito de dor
Não senti nada...
O sangue delineou
O rasto do meu caminho
E eu...
Sigo caminhando, tropeçando
Nas arestas do tempo...
A vontade de retroceder
Invade-me... um medo súbito
De perder o trilho
Que me estendeu a mão
Paro...
Sinto o nada...
O eco vazio...
De um grito que me rasgou a voz
Dor ... sinto dor...
Sinto ...


Scorpio

29 maio 2006

Como te sinto...






















Chamas altivas que se fundem
Consomem o terreno que me circunda
Afastam o real do meu delírio
Desintegram-me...
Sinto a valsa dos sons
Libertos na fogueira
Um mesclado de tons devassos
Que ardem de prazer
E arrastam-se violando-me...
O sufoco do pânico
Do novo sentido
O sentir ...
Asfixia o eterno frio da razão
Aquele que o fogo
Não derrete...
Mas que me liberta da solidão...


Scorpio

23 maio 2006

Lágrimas salgadas...






















Deixei crescer dentro de mim
O que tinha desaparecido há muito tempo
Já não me lembrava do gosto
Nem da intensidade ...
Como uso mal os pensamentos...
O meu domínio
Onde está?
Ceifaram-me os sentidos
Parte deles...
E agora...
Respiro fundo na procura
Mas não te cheiro...
Carrego sozinha o sal
Da minha intempérie...
Uma cascata que me afoga
E não controlo...
Choro por mim... pela ausência
Por todos os muros
Círculos que me aprisionam...
Neste castelo de espelhos falsos
No reflexo de uma imagem ...
Sou fraca...
Não me consigo libertar sozinha
Sou forte

Sei o que quero...

Frio...

As palavras chegam até mim
Entoando música... única...
Leva-me nessa dança
Numa eterna caricia
Envolve-me no teu corpo
Sufoca-me nas profundezas
Num jogo turbulento
Sem domínio do meu delírio
Sim... entrego-me consciente
Dos passos que dou... mas
Tenho frio
Os corredores não tem portas
As janelas não existem
A tua mão...
Como procuro a tua mão...
Ausente... Distante...
O sopro de ar que me ergue...
E de novo aqui estou... sem ti
Na realidade das portas e janelas
E como tenho frio...
Uma veste branca gélida

Congela o fogo que me alimenta...

21 maio 2006

Em silêncio...

















O fogo do teu olhar
Queimou a noite...
Um tornado de chamas
Possuído pela tempestade
Devastou o horizonte...
Estimulado pela raiva
Rasgou a cortina
Do tempo negro
Sangrou o crepúsculo
Entoando trovões em delírio
Numa orgia de cores...
E eu...
Acordada na espera
Assistia excitada
Perdida no eco
De palavras intensas
Observando-te no silêncio...


Tu queimas-me...

20 maio 2006

Take me...




















Caminho para ti
Num compasso audível
Marcando no tempo
Os ecos da minha presença...
Procuro o teu olhar
Revelando o meu corpo
Num delírio de sentidos
Ansiando tua posse...
Prova-me a carne
Que arde de desejo...
Estou cansada da espera
Salivo na raiva
Da tua ausencia
Vem... ao encontro
Dos caminhos que nos cruzam
E leva-me...

Ao som do vento


Scorpio

19 maio 2006

Porquê sentir....

















Tatuei o meu corpo com veneno
Próprio...
Amargo mas não mortal
Quente ...
Abri a cicatriz do tempo
Funda...
Deixei o passado fugir
Mentira...
As cinzas permanecem
Cravadas...
A morte alicia-me
Distante...
Nas asas do oculto
Negro...
Vislumbro o horizonte
Perdida...
Queria abrir a porta
Desejo...
Dar(te) o meu veneno
Puro...
Entregar o que (te) pertence
.........
A porta está fechada

Sinto-o ...

18 maio 2006

Não quero cair...


















Ando num corredor
Cambaleando ...
Procuro o equilíbrio
Que me faz sentir...
O cheiro fétido que me segue
Assombra-me...
Sussurros de mentes perdidas
Flageladas no presente
Por seres mundanos
Carregados de bactérias
Tumultuam o barco que me sustenta...
E eu choro
Choro...
Choro...
Vou cair neste pântano
Afogar a voz
Tentando agarrar os teus braços
E fugir no tempo
Coberta pela noite

Na sombra do teu corpo...

17 maio 2006

Um dia...

















Ouço o caminhar
Chama que me persegue
Sinto o olhar
Desfocar ... perder o sentido...
Alucinada sem perdão
Escondo o rosto
O medo que não tenho
Tenta-me...
O calor do querer
Faz da minha espera
Um teste à razão...
Queimo a imagem
Que não quero ver
Liberto-me na entrega
Do bailado que me aguarda
E quero... leva-me...

16 maio 2006

Resisto...



















O tempo passa
Gelando o teu aroma
Já não sinto o cheiro
Nem o gosto da tua boca
A espera cegou o futuro
Neste presente eterno
Na angustia azeda
Da memória do paladar...
Resisto no temporal
Enfrentando –me...
Saciando a minha sede
Na minha própria fonte
O meu ego
Aquele que se revela
Asfixiando a minha vontade
Arrastando-me...
Leva-me para o desafio

Da minha realidade...

14 maio 2006

Uma página...



Vivemos rodeados de letras difíceis de juntar e quanto mais tentamos ler menos sentido tem...
Sons insignificantes conjugam-se ... apenas o efeito da visão reage perante o conhecimento. E eu leio vezes em conta, mas não sei ler ... apenas ouço e deixo o corpo sentir... ou não será o corpo que ouve...
A página preenchida por palavras soltas chegou ao fim. A minha visão dos espaços, queima a imagem da lógica... do sentido real . Dói tanto sentir o lume que me cega ... um passado que preenche um livro... o meu livro.

13 maio 2006

Os meus olhos...
















Pressiono a caneta
Fazendo-a sangrar no papel...
As letras vão surgindo
Entoando gritos
Gritos sim...
Não estou a escrever,
Cravo no papel
Um rasto de dor
Que carrego nos meus olhos...
Os meus olhos...
Um livro de memórias
De um tempo longínquo
O eterno sacrifício... recordar
E eu grito grito
Deixando o som nas palavras

Um rasto da minha saudade...

Scorpio

11 maio 2006

Observo...

Estou presa neste olhar
Rasgado pelo ódio...
Um nada revestido
Pela essência do caos...
Caminho sobre a luz
Sou livre na queda
Observo do alto
Sem poder respirar...
Sinto-os...
O chão que os acolhe... gélido
Queima-lhes a carne... e eu sigo ...
Arrasto as cicatrizes
Cravadas nos rostos pelo desânimo
Vidas insanas
Sustentadas por pedaços de carne
Desfiguradas nos olhos
Dos corredores da espera...
Estou exposta ao degredo
Deixei de sentir...
Cravei no meu corpo a dor
Do ter que existir...

08 maio 2006

Existo no meu eu....

Sou aquilo que resta
Daquilo que eu era
Um verbo no passado
De um ser
Que nunca existiu
Sou a sombra da minha sombra
Resistente naco de carne
Sobrevivente
Neste inóspito terreno
Gerido por abutres
Na espera mortal
Daqueles que são eternos
Amantes do existir...
Eu já morri
Sou o alimento
Do meu próprio corpo...

05 maio 2006

Meu ambiente...



















Busco no tempo que passa
A essência do real
Um encontro com o nada
Repleto de fantasias
Vividas por estranhos...
Estou distante do contexto
Cíclico e mundano
Vivo no meu sinistro ambiente
Respiro o pó do abismo
Reflectido nas estantes

Dos meus pensamentos...