26 julho 2006

No aço do desejo(II)





















Desfaleci ruborizada
Entregue no tempo
Registo alto... voluptuoso
Um entrecho individual
Acto carnal
Injuriado sentido...
Deleito o meu gosto
Lambendo dedos
Traumatizo a vontade
Negando o corpo exaltado
E de novo um começo...
Revelo apaixonada
Vigorosa insaciável
Perdida nos ecos
De um ritual desenhado...
Recomeço...
Prolongo o espaço
Confundindo o próprio fim
De novo o desafio
Explorado num limite
Onde cada comoção
Será escondida
Ocultando o desejo

Onde o motivo coabita...


Scorpio

24 julho 2006

No aço do desejo...






















Procuro em detalhe
Tacteando as formas...
Ausente nas vestes
Cubro o corpo nas palavras
Marco-me deixando rasto
Sentindo a língua
Nas unhas afiadas
Nos trilhos desenhados
Do indicador mortífero ...
Faço o percurso
Rasgando a pele
Traço o caminho
Deixando cravado o rasto da lava
A boca muda
Grita no silêncio...
Deslizo sem ritmo
Queimando o corpo
Consinto contorcendo
Um contexto explicito
Dor sôfrega infligida
Encontrada no olhar... (asfixia-me) ...
Olhares ocultos da mente
Invadem perversos
Penetro a carne
Vejo o aço roçando a minha loucura
Vontade que me mata
Fogo que consome
Ideias mundanas
Transporta o real
Num labirinto carnal...
Curvo-me recebendo espasmos
Foco o veneno... sustenho
Procuro a rosa dos ventos
Num tornado infernal
Ouso...


Scorpio

22 julho 2006

Escrevo...


















Risco no papel o teu eco
Não sei porquê...
Entre cada som solfejado
Traço letras vagas
Profanando o valor da palavra...
A pontuação amarga
Sufoca a leitura
Transporto na boca
Viciando-me
Testemunhos sinuosos
Flutuando nos sons
Que alucino enfrentando
O texto traduzido
Absorvido num contexto meu
E de novo regurgito
Saciando vícios
Preenchendo a carvão
O mundo da ilusão...


Scorpio

19 julho 2006

Ele... voltou





















Brotou no corpo
Um delírio fictício
A esperança do ser ...
Incrédulo ignóbil
Escondeu a liberdade
Nas vestes do tempo
O manto negro
Camuflava o seu esplendor
Até a raiva o afogar...
Renasceu sumptuoso
Magnetizando com o olhar
Desejos perdidos
Esquecidos entre ramos...
Senti o fogo da chegada
O tempo da espera
Petrificou as veias
Hoje ... latejam ansiosas
Fodendo a saudade...



Scorpio

15 julho 2006

O momento
















Numa sombra definida
Desenhei cega o que vi
Trazias no rosto vincado
A esperança da morte
O medo...
Deliciava o artista...
A tua agonia expressa no papel
Um marco do momento
Vivido pelos olhos dos outros...
A folha falava
Gritos explícitos
Transbordavam nas arestas borrifadas...
O negro da tua capa
Anunciava o silêncio do pânico
Estavas pronto... ansioso
O lápis não parava
Entre cada suspiro
Traços entrelaçados exprimiam
Os sons finais
A entrega do corpo
Sombreado no branco
Abria a porta do novo mundo
Um ultimo risco vermelho
Reflexo do teu olhar
Matou o final do quadro...


Scorpio

10 julho 2006

Saber ver...






















O engano da ilusão
Durou o tempo do momento
Entre olhos fechados... selados
Secreções purulentas nojentas
Ofuscaram o reflexo...
Imagem escolhida do desejo
O algo semelhante
Fez do querer um enlace inexistente...

Sou cruel
De arma em punho
Sofrer é o meu vicio
O rastejo não me alcança
Sorrio...

O ridículo da individualidade
É ter pretensões
Respiram ar pútrido
O único concedido...

Olhos... límpidos... murados
Cegos...
Esperam a razão de ver...
Entontecidos acreditam
Negam a evidência
Vivem sorvendo da própria vida...


Scorpio

07 julho 2006

Vícios...




















Defini o espaço num traçado
Senti os sons
A carne rasgava
Ao ritmo de laminas fixas
E de novo o som...
Odores nauseabundos
Trespassavam os limites
A cada passo o rasto imundo
Aniquilava as sombras resistentes
Medo ???
Não...
Ouço cada nota afinada
Indicando o meu vicio
Tudo me invade
Sufocando cada inspirar
Deliro...
Talvez...
Morro embalada
Esquartejada por uma guitarra
Morro vezes sem conta
Assombrando notas sangrentas

As únicas que me dão vida...


Scorpio

06 julho 2006

Delirios do sentir...












Cruzei o teu caminho
Num olhar fulminante
Segui o rasto ansiando
Sensações estranhas... vazias
No encontro do nada revestido
Abri a porta do mundo
Mergulhando nos delírios
Encontrei nos recantos
Espelhos do meu eu
Senti...
O corpo flutuou
Liberto ...
Absorvi o sangue vermelho
Que jorrava como uma cascata
Embriaguei-me no néctar puro
De cada mensagem...
Do meu corpo
Fiz objecto da luxúria
Movida por um tesão alucinado
Testando a resistência da minha loucura...
E tudo foi tão intenso
Até o negro se dissolver
E mostrar a clareza do dia
O verbo deixou de existir
Sendo o sentir um estado real...


Scorpio

04 julho 2006

Espero-te no silêncio...


























Abraça-me...
Palavra tão terna num discurso directo
Um desejo explicito
E tão ausente...



Entrego-te a minha vida
Como alimento eterno
Ninguém mata a fome da paixão
Quando esta atormenta o corpo



Tantas noites de desejo
Procurando o teu olhar
Delírios sucessivos
Embriagantes
Atravessaram o percurso sinuoso
Dando espaço erróneo...
As quedas foram sucessivas
Sonhei com o amparo das tuas asas
Mas o espelho mostrou a minha face
Eu sou o quê
Um ser sem reflexo
Ou apenas tu não me vês...
Pudessem as palavras esconder
Magoas de uma vivência
Do teu conhecimento
Saber da tua existência
E esperar no canto
Revestido de silêncio
Os teus braços...

Scorpio