30 setembro 2006

Era uma vez...





















Bailado das trevas
Repletas de horror
Recantos nefastos
Embriagados de dor...
Tudo isto num dia a dia
Escondidos por sorrisos
Tenho náuseas deste ar
Que por tantas bocas passou
Sinto o meu corpo desintegrar
Deixando o meu rasto
Num percurso terreno
Farejado por asquerosos
Violadores do meu espaço
Assim me livro deste peso
Carne que me cobre
Que vos sirva de alimento...
Eu assisto...


Scorpio

28 setembro 2006

Amar no silêncio...























Resisto ao meu delírio
Alimento cada fragmento
Numa entrega lúcida
Consciente...
Amarro cada sentido
Sustenho suspiros
Sinto o gelo nos lábios
Sabor da pedra
Que me beija...
O abraço que me envolve
Frio... mas tão quente
Circula no inverso
Onde o recinto carnal
Dilata na passagem...
Entrego-me
Repouso a arma
Trespassando o circuito
Ansiosa no toque
Que contorna o meu rosto...
As lágrimas são vivas
Afogueadas...
Repletas de dor
Salva-me com o teu hálito
Prova-me...
Caminha no meu delírio
E diz-me em silêncio
Palavras mudas...


Scorpio

25 setembro 2006

Eu...























Hoje sou o mesmo de ontem
Não... sou diferente
Sou mais...
Sinto o peso de mais um dia
Carrego em mim
Registos de horas
Que se acumulam
A outras tantas...
Hoje sou o peso
Da minha vida
Cravado nesta carne que me sustem
Hoje não sou nada
Sinto o tempo de passagem
Agarro o vento
Sem força para continuar
Faço a queda no propósito
E caio... livre
Tão leve...
Hoje sou eu...


Scorpio

20 setembro 2006

Dúvidas do acaso...
















Noite clara coberta de negro
Abraçada num temporal ausente
Onde tudo parece distante
E o perto não se alcança ...
Os olhos contam horas
Sofrendo calados salgados
Uma espera serena
Na turbulenta ansiedade
Do dia que virá...
Assisto na plateia da vida
Onde nada faz sentido
Respostas são perguntas
E o acaso faz o ensejo...
O suposto envolve a dúvida
E aqui rasgo o sorriso
Traumatizo o sereno
De uma boca selada
Desenhando o pânico
No reflexo da lua...


Scorpio

15 setembro 2006

No odor do mistério...


A luz quase ausente dá forma a um corpo reflectido no espaço ... Por entre cheiros diversos o ar é sufocante... penetra... gela cada tentativa de o expelir, incrível como um acto natural se torna único quando os sentidos são alterados...
E de novo a sombra... Que interjeição usar para citar o quanto deslumbra um vulto sem rosto escondido na penumbra... que delírio profana o chão levando a razão do equilíbrio...
O silêncio da selva cimentada faz do vento um som sombrio, a angustia de um caminho solitário faz a razão do medo... tal como vidas fragmentadas que se arrastam revestidas de fobias...
A luz agora ausente, reflecte na noite o mistério da vida, onde o cheiro da morte põe termo a dúvidas nas mentes que amam sem saberem o caminho... a confiança do ser leva o desafio ao ritmo das brasas... mistério suculento apenas sorvido por quem sente...

Scorpio

11 setembro 2006

No meu interior...


















O ar ausente
Projectou a sombra
No horizonte do alcance...
A leveza do toque
Abraçou o silêncio
Deixando o chão
Fundir a cada passo...
Lábios que se rasgam
No sorriso do magma
Envolvem a lava na saliva
Petrificando o momento
Entregue na erupção...
E o cheiro...
Delírio do vento
Seduzindo o tempo
Numa chuva fluida
Onde cada gota
Faz história...



Scorpio

06 setembro 2006

Encontro no olhar...




Sussurros quentes
Hálitos perversos
Salivas mistas...
É tão fácil escrever
Quando tudo faz sentido
Linhas de palavras vivas
Preenchem livros vulgares
Num secretismo de identidades...
A origem do obsceno
Escondido nas vestes
Faz do primário
Um mestrado...
Improfícuo o soletrar
Quando vetamos atónitos
No espaço que nos limita...
Hediondamente julgados
Somos sentença liberta
Únicos...
Segredamos no silêncio
Na neblina de cada encontro perdido
A ausência justificada
Repleta num sabor cruento
Desígna um final
Onde o foco do olhar
Quebrará a estátua
Num incrédulo latejo...

Scorpio

04 setembro 2006

Por Paixão...


Alvo preciso
Exposto num conflito
Onde cada sentido se conjuga...

Muralhas cobertas
Fazem a tentação
Daqueles que olham o negro
Receosos... perplexos...
O gosto intrépido
Molda o corpo
Uma arma carnal
Revelada por uma haste...
Os segredos do gosto
Tortura as salivas
E no confronto
A morte é ambígua

Delírio diagnosticado
Num campo minado
Que faz da paixão
Um jardim de horrores...


Scorpio

02 setembro 2006

Mais uma página...



Quanto medem os passos da vida
Quanto mede cada passo
Frases interrogativas
A cada passagem...
Porém alguém faria o trabalho
Entre cálculos, a média seria algo como...
Acho ...
Nunca garantir a resposta
Mas... procurar sempre solução
E o que é a solução
Quando os vestígios do tempo
Cobrem cada pegada
Ervas daninhas repletas de força
Escondem o rasto do caminho certo...
Sonhos encastelados
Caiem do precipício
E de novo as questões...
Como perpetuar os sentidos
Sem estender conceitos verbalizados
Como definir o momento exacto
Sem que este seja um passo
Cravado nas paginas da vida...
Sim como...
Saltei a página
O branco não é branco
Mas sim um espaço por preencher
Onde a cor não tem cor...
E... o relógio nunca pára ...

Scorpio