11 junho 2006

Sometimes...

Deitada num espaço insensível sinto o cheiro inebriante... flutuo liberta no sentir e deixo-me envolver ao acaso...
Os dedos dormentes revelam o enlevo do meu estado, rebolo no vento sentindo os braços que me sustem... estou ausente de tudo entregue num bailado sem som ... sigo o ritmo que me domina movida pela consciência cega... O horizonte vestido de negro deixa escapar por uma fenda no tempo o vermelho do seu interior, a capa que o cobre remendada pela motricidade da vida revela as chamas do próximo dia... Será tudo fruto da minha ausência ou vejo o real camuflando o que me assombra... porque uso as palavras apagando o caminho da minha realidade, porque me deixo afogar nos porquês da minhas atitudes... porque não sinto o vento, os braços... o cheiro... não sinto nada e procuro-te todos os dias... apaguei na memória o alimento do meu estado real... o espaço sólido não me deixa flutuar... bloqueando o meu envolver nas danças dos sentidos... sobrevivo lúcida mesmo inconsciente... e sem saber porquê...


Scorpio