Desfaleci ruborizada
Entregue no tempo
Registo alto... voluptuoso
Um entrecho individual
Acto carnal
Injuriado sentido...
Deleito o meu gosto
Lambendo dedos
Traumatizo a vontade
Negando o corpo exaltado
E de novo um começo...
Revelo apaixonada
Vigorosa insaciável
Perdida nos ecos
De um ritual desenhado...
Recomeço...
Prolongo o espaço
Confundindo o próprio fim
De novo o desafio
Explorado num limite
Onde cada comoção
Será escondida
Ocultando o desejo Onde o motivo coabita...Scorpio
Procuro em detalhe
Tacteando as formas...
Ausente nas vestes
Cubro o corpo nas palavras
Marco-me deixando rasto
Sentindo a língua
Nas unhas afiadas
Nos trilhos desenhados
Do indicador mortífero ...
Faço o percurso
Rasgando a pele
Traço o caminho
Deixando cravado o rasto da lava
A boca muda
Grita no silêncio...
Deslizo sem ritmo
Queimando o corpo
Consinto contorcendo
Um contexto explicito
Dor sôfrega infligida
Encontrada no olhar... (asfixia-me) ...
Olhares ocultos da mente
Invadem perversos
Penetro a carne
Vejo o aço roçando a minha loucura
Vontade que me mata
Fogo que consome
Ideias mundanas
Transporta o real
Num labirinto carnal...
Curvo-me recebendo espasmos
Foco o veneno... sustenho
Procuro a rosa dos ventos
Num tornado infernal
Ouso...
Scorpio
Risco no papel o teu eco
Não sei porquê...
Entre cada som solfejado
Traço letras vagas
Profanando o valor da palavra...
A pontuação amarga
Sufoca a leitura
Transporto na boca
Viciando-me
Testemunhos sinuosos
Flutuando nos sons
Que alucino enfrentando
O texto traduzido
Absorvido num contexto meu
E de novo regurgito
Saciando vícios
Preenchendo a carvão
O mundo da ilusão...
Scorpio
Brotou no corpo
Um delírio fictício
A esperança do ser ...
Incrédulo ignóbil
Escondeu a liberdade
Nas vestes do tempo
O manto negro
Camuflava o seu esplendor
Até a raiva o afogar...
Renasceu sumptuoso
Magnetizando com o olhar
Desejos perdidos
Esquecidos entre ramos...
Senti o fogo da chegada
O tempo da espera
Petrificou as veias
Hoje ... latejam ansiosas
Fodendo a saudade...Scorpio
Numa sombra definida
Desenhei cega o que vi
Trazias no rosto vincado
A esperança da morte
O medo...
Deliciava o artista...
A tua agonia expressa no papel
Um marco do momento
Vivido pelos olhos dos outros...
A folha falava
Gritos explícitos
Transbordavam nas arestas borrifadas...
O negro da tua capa
Anunciava o silêncio do pânico
Estavas pronto... ansioso
O lápis não parava
Entre cada suspiro
Traços entrelaçados exprimiam
Os sons finais
A entrega do corpo
Sombreado no branco
Abria a porta do novo mundo
Um ultimo risco vermelho
Reflexo do teu olhar
Matou o final do quadro...
Scorpio
O engano da ilusão
Durou o tempo do momento
Entre olhos fechados... selados
Secreções purulentas nojentas
Ofuscaram o reflexo...
Imagem escolhida do desejo
O algo semelhante
Fez do querer um enlace inexistente...
Sou cruel
De arma em punho
Sofrer é o meu vicio
O rastejo não me alcança
Sorrio...
O ridículo da individualidade
É ter pretensões
Respiram ar pútrido
O único concedido...
Olhos... límpidos... murados
Cegos...
Esperam a razão de ver...
Entontecidos acreditam
Negam a evidência
Vivem sorvendo da própria vida...
Scorpio
Defini o espaço num traçado
Senti os sons
A carne rasgava
Ao ritmo de laminas fixas
E de novo o som...
Odores nauseabundos
Trespassavam os limites
A cada passo o rasto imundo
Aniquilava as sombras resistentes
Medo ???
Não...
Ouço cada nota afinada
Indicando o meu vicio
Tudo me invade
Sufocando cada inspirar
Deliro...
Talvez...
Morro embalada
Esquartejada por uma guitarra
Morro vezes sem conta
Assombrando notas sangrentasAs únicas que me dão vida...Scorpio
Cruzei o teu caminho
Num olhar fulminante
Segui o rasto ansiando
Sensações estranhas... vazias
No encontro do nada revestido
Abri a porta do mundo
Mergulhando nos delírios
Encontrei nos recantos
Espelhos do meu eu
Senti...
O corpo flutuou
Liberto ...
Absorvi o sangue vermelho
Que jorrava como uma cascata
Embriaguei-me no néctar puro
De cada mensagem...
Do meu corpo
Fiz objecto da luxúria
Movida por um tesão alucinado
Testando a resistência da minha loucura...
E tudo foi tão intenso
Até o negro se dissolver
E mostrar a clareza do dia
O verbo deixou de existir
Sendo o sentir um estado real...
Scorpio
Abraça-me...
Palavra tão terna num discurso directo
Um desejo explicito
E tão ausente...
Entrego-te a minha vida
Como alimento eterno
Ninguém mata a fome da paixão
Quando esta atormenta o corpo
Tantas noites de desejo
Procurando o teu olhar
Delírios sucessivos
Embriagantes
Atravessaram o percurso sinuoso
Dando espaço erróneo...
As quedas foram sucessivas
Sonhei com o amparo das tuas asas
Mas o espelho mostrou a minha face
Eu sou o quê
Um ser sem reflexo
Ou apenas tu não me vês...
Pudessem as palavras esconder
Magoas de uma vivência
Do teu conhecimento
Saber da tua existência
E esperar no canto
Revestido de silêncio
Os teus braços...
Scorpio