Angustia num desejo de amor Numa entrega por um tudo Onde a corda delineia o corpo como uma serpente Deliciando o orgasmo da presa Pelo sufoco de sentir Na pele a marca, na carne a dor No gosto, a palavra Escrevendo na pauta Notas para uma música De um estado apaixonado Sem som O veneno consome Alucinando o perfeito Do que ficou , do que será Ansiando o final Delírio... Amando ...
A caneta escorreu a tinta de tanto esperar para ser usada, acabou por secar, tal como a mente cansada que me veste. Talvez abandone o meu corpo, num sono hipnótico... e aí os meus distúrbios serão alimento da loucura, num momento lúcido, consentido... numa ausência aparente... não me entrego aos desígnios, apenas me permito. A página sem cor, aguarda, mas eu escrevo em detalhes no registo da memória cada episódio, um após o outro... verdadeiras sequências cravadas a ferro, onde a dor é carinho, porque me faz sentir, e nesse instante sou vida, produto humano gerado sem consentimento... Curioso como o conceito de vivência se pode julgar, quem é o réu neste julgamento, apetece-me processar quem decidiu algo sem me consultar... Quantos dias mais para a contagem de um final anunciado.
E... sempre um e em cada frase Separando o pensamento Pautando ideias sucessivas Neste controverso mundo lírico Que tanto me fascina Onde um e... Tem a força da muralha Ou do vento sem direcção, Um e que me pára Mostrando o tempo entre cada tempo De um pensamento morto Feito no momento de pausa... E... revoltado sem coerência De um cansaço acumulado Absorve alucinado No meu próprio egoísmo... E ... assim fico Num bailado sem som Suspensa no acto de pensar... sustendo sem agir...